ArtRio 2014 – Um roteiro para os sentidos

Se você acha que feira de arte é apenas para consumo comercial, te apresento aqui um roteiro para o consumo sensorial baseado na minha experiência.

Caminhar pela ArtRio é um deleite para os olhos dos visitantes. Algumas obras atiçam nossos sentidos através do olhar e nos levam a uma experiência de sinestesia.

Um bom exemplo é Nicole (2013) , de Fabian Marcaccio, trazida pela galeria Joan Prats de Barcelona. Com uma textura criada com cordas, silicone, madeira e tinta, a tela traz cores que me remeteram à comida. Não sei se foi por estar com fome no momento, mas essa obra me fez sentir um gosto na boca. A grossura da tinta se transformou em uma pasta. O vermelho me fez sentir o sabor de um chiclete de morango e o verde me lembrou uma salada.

Nicole

Já no estande da galeria Laura Marsiaj, a obra de Márcia Xavier me fez ouvir sons que não existiam, talvez pela representação das ondas sonoras que passam de uma superfície à outra, de uma ponta da costa à outra.

Marcia-Xavier

tar

Na White Cube, de Londres, a obra Signature Piece (2014) de Theaster Gates, feita com madeira, piche, feltro e pregos criou uma textura que me remeteu a um asfalto quente. Eu senti o calor saindo da tela, impressionante. Aquela massa preta quase ferveu diante dos meus olhos.

Na feira-satélite Artigo, um amontoado de meias me levou a minha infância em ginásios esportivos. A bola de meias me fez sentir o cheio de suor, roupa molhada e chulé que fazia parte daquele ambiente do meu passado. Uma boa maneira de finalizar, levando comigo uma memória de uma época querida. São essas sensações, experiências e lembranças que fazem a arte e a vida valerem a pena para mim.

meias

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